Regressaram as aulas, quase já nos esquecemos do doce sabor a férias. Agora é tempo de arregaçar as mangas e lançar mãos à obra de mais um ciclo de ano letivo. Sabendo que o que vem aí não é nada fácil, o tempo é de esperançar. Como dizia Paulo Freire, “É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é levantar-se, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…”. Pois, não deixemos para amanhã o que podemos esperançar hoje!
A esperança de Jane Goodall
Sempre tive um fascínio pela figura de Jane Goodall. A sua coragem suave e ousadia sem limites de ir viver para a selva da Tanzânia, para compreender melhor as comunidades de chimpanzés, levou-nos a importantes descobertas sobre estes primatas e sobre a nossa relação com a natureza. Mas não é só sobre isso que tem a ensinar-nos.
Salientando a frescura desta mulher, tão jovem no seu espírito de octogenária, o canal de televisão CBS, com o seu programa Sunday Morning, dedicou-lhe uma reportagem que vale a pena ver. A sua celebre serenidade, diretamente proporcional à vontade férrea e à graça sempre presente, fazem desta peça uma inspiração para os nossos dias.
Teoria da esperança
Com a proposta que vos trazemos este mês de uma esperança ativa, importa ter algumas pistas concretas de como o fazer. Pode haver uma teoria aplicada do esperançar? Sim, pode.
O Prof. Rick Synder, desenvolveu o que chamou uma “Teoria da Esperança” que tem aplicação prática e potencialmente útil. Começa por sugerir que devemos ter em atenção três dimensões, nomeadamente, os objetivos, os percursos e a capacidade de iniciativa.
A capacidade de desenvolver vários caminhos para chegar ao objetivo, não se deixando abater pelos obstáculos, parece ser um traço em comum às pessoas esperançosas. Por outro lado, estas evidenciam elevada capacidade de iniciativa, não ficando paralisadas perante desafios concretos que enfrentam.
O que podemos aprender com Viriato Soromenho Marques?
Temos três chaves para o futuro. Há que saber usá-las, sem nos deixarmos bloquear pelo pessimismo da primeira.
Diz-nos Soromenho Marques, que a primeira chave é, naturalmente, o que conhecemos. Aí residem muitas razões de pessimismo e de preocupação, como demonstrou (e todos temos consciência). Porém, não se esgota aí o seu olhar para o futuro. A segunda chave que ativa é a que nos levará ao que desconhecemos. Nesse contexto, deposita esperança em que possamos descobrir soluções que hoje ainda ignoramos para os principais problemas que enfrentamos, como tantas vezes já o fizemos. Finalmente, a terceira chave leva-nos para o que “podemos e devemos fazer”, que nos deixa a opção em que a nossa ação possa fazer a diferença, nomeadamente corrigindo os erros acumulados, adotando novos estilos de vida, novos modelos económicos que respeitem o carácter finito dos recursos e os equilíbrios delicados dos ecossistemas. Poderíamos dizer que nos resta o otimismo da vontade para fazer face ao pessimismo da razão...
História de um Ubuntu do Quénia
Pelo mundo, vão-se multiplicando exemplos de empreendedorismo social Ubuntu, protagonizado por jovens que fazem a diferença. É o caso do Victor Mwamuge, da Academia de Líderes Ubuntu Quénia. Saiba como.
As 6ª feiras do esperançar Ubuntu (também para os pais)
A cada 6ª feira, chovem histórias de impacto das Semanas Ubuntu. E aos outros dias também. Vamo-nos sempre comovendo com tantas coisas bonitas que estão a acontecer...E a voz dos pais dá-nos notícias boas.
Recentemente, na última semana, recebemos um postal de uma mãe, que nos dizia:
“Como mãe e encarregada de educação venho desta forma agradecer a oportunidade que deram ao meu filho de participar nesta experiência que deixará uma marca no seu percurso pessoal e académico! Bem hajam pelo empenho e dedicação! Não deixem de acreditar que o ensino de conteúdos tem de “andar ao lado” do ensino e vivência de valores e atitudes.
Obrigada por ajudarem estes e outros jovens a crescer como melhores cidadãos.
Foi muito gratificante vê-lo chegar todos os dias envolvido, dedicado e muito feliz.
Juntos somos mais fortes e vamos “mais longe”!!!...porque UBUNTU!”
Árvores que rasgam horizontes
As árvores podem contar histórias muito bonitas, muito para além das suas raízes, troncos e folhas. Escolhemos algumas muito especiais, em Hiroshima, em Nagasaki e em Nova Iorque.
Pensamento crítico e cuidado com as precipitações
Como vivemos num mundo apressado, não raramente deixamo-nos enganar por evidências que, parecendo obvias, são falsas. Mas muito maiores riscos estão no horizonte.
Esta experiência é curiosa. Provavelmente todos subscreveremos que o caminho mais rápido será sempre uma linha reta. Neste caso, porém, não o era.
Traços de sabedoria de John Volmink
Regressamos regularmente à sabedoria de John Volmink, presidente da Ubuntu Global Network, para nos inspirar. E inspira sempre tanto! Desta vez, recuperamos a sua mensagem aos coordenadores da Academia de Líderes Ubuntu de vários países e continentes.
A compreensão da Complexidade e o caminho da esperança de Edgar Morin
Uma das literacias mais urgentes do nosso tempo é a da complexidade.
Quando todos preferem as soluções simples, que rapidamente viram simplistas, importa ir mais além.
Desde há anos que trabalhamos a compreensão deste fenómeno e é sempre bom regressar a um dos grandes nomes do pensamento complexo, Edgar Morin.
Os cartoons do Business Illustrator são muito úteis para ilustrar muitas destas dimensões. O trabalho de Virpi Oinonem é muito inspirador e merece ser visto com atenção. Selecionei dois exemplos – uma ilustração e uma animação – que nos mostram como uma (ou mais) imagem vale por mil palavras.
Com as mulheres do Irão.
Solidariedade precisa-se. A coragem das mulheres iranianas que ousam enfrentar um poder ditatorial é impressionante. Da nossa parte, dizemos presente!
Nos últimos dias, depois da morte de Mahsa Amini, em 16 de setembro, assassinada pela “polícia da moralidade” no Irão, alegadamente por não usar corretamente o véu, as ruas deste país têm sido ocupadas por mulheres que protestam contra esta morte e tudo o que ela significa.
Chegou-me através de Farid Vahid, Diretor do Observatório da África do Norte e Medio Oriente da Fundação Jaures que, no seu feed do Twiter tem partilhado informações relevantes sobre o que se está a passar no Irão com a revolta das mulheres iranianas.
AGENDA
Dia Mundial da Dignidade
O IPAV associa-se à Global Dignity para a celebração do dia Global da Dignidade. Esta efeméride - a ser celebrada no dia 23 de outubro – vai mobilizar os Clubes Ubuntu, das mais de 390 escolas do programa Escolas Ubuntu, espalhadas por todo o país.
Ubuntu Fest Gaia
Gaia vai receber, umam vez mais, o Ubuntu Fest. Nos próximos dias 14, 15 e 16 de outubro, a terceira edição do Ubuntu Fest gaiense vai focar-se na temática do "Bem-estar e saúde mental". Em tempo de pós-pandemia, salienta-se a importância de a saúde mental ser trazida para um espaço de discussão comum, enquanto questão urgente que deve ser abordada e trabalhada. Mais de 20 convidados especialistas (nacionais e internacionais) irão ajudar a trazer luz ao tema.
VIIª Conferência Internacional sobre Colaboração e Governação Integrada
No dia 12 de dezembro, a Fundação Calouste Gulbenkian vai ser palco da VIIª Conferência Internacional sobre Colaboração e Governação Integrada dedicada ao tema "Melhores Relações, para Melhor Serviço Público".
A abordagem à compreensão dos problemas sociais complexos, e a busca da melhor forma de agir perante eles, levou à compreensão clara das dinâmicas sistémicas, que nos apontam para a relevância das relações. Nelas e só através delas conseguiremos ir mais longe na construção de modelos organizativos de intervenção mais eficazes para lidar com a complexidade.
Reserve já esta data na sua agenda!
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