Uma das atividades que mais tenho desenvolvido nos últimos tempos é o modelo dos nossos Change Lab. Estes Laboratórios são estruturados a partir da aplicação da Teoria da Mudança, em que perante um dado problema se procura mobilizar todos os parceiros relevantes para se centrarem nas soluções associadas aos impactos e resultados desejados e, a partir daí, construírem todo um plano de ação.
Dessa forma se promove, num primeiro momento, uma compreensão partilhada do problema e, depois, se constrói um compromisso partilhado de ação. Os resultados são sempre muito surpreendentes e, em relativamente pouco tempo, conseguem-se alcançar uma visão estratégica e operacional muito poderosas.
Nos Açores, por exemplo, estamos a desenvolver um Change Lab, com a Direção Regional de Qualificação Profissional e Emprego, para a implementação da Agenda Regional de Qualificação Profissional.
Com um particular enfoque nas questões associadas aos jovens NEET e aos desempregados de longa duração, o 1º seminário que realizámos produziu conclusões muito relevantes, em particular sobre como garantir uma maior cultura colaborativa neste ecossistema de educação/formação profissional, mas alcançar melhores resultados.
Já em Portalegre, numa iniciativa com o Instituto Politécnico, concentramo-nos no desafio de como promover o sucesso e reduzir o abandono escolar. Baseamos a nossa intervenção num forte compromisso de todas as partes, para entender como melhor agir, de uma forma sistémica, olhando não só para a dimensão individual e específica dos estudantes em situação mais vulnerável, mas também para as responsabilidades do docentes e não-docentes, das redes familiares e de amigos e dos parceiros externos ao IPP. Os resultados que começam a emergir são muito animadores.
Contudo não só em Portugal temos tido oportunidade de desenvolver estes Laboratórios da Mudança. Na experiência recente do Quénia, o foco esteve na promoção do desenvolvimento sustentável a partir da economia azul, em particular do turismo e do património cultural (TPC). Sempre num olhar a 360º , procurámos o envolvimento de todas as partes para este processo de co-construção. Aqui, estabeleceram-se quatro dimensões, que vão desde as políticas públicas de apoio ao TPC, as infraestruturas de apoio, as indústrias associadas ao TPC e, naturalmente, os recursos naturais e culturais disponíveis.
E o que temos aprendido com estas dinâmicas? Sublinho três dimensões:
A mudança é possível se formos capazes de mobilizar o melhor de uma inteligência coletiva e conectiva. Quando se consegue que as pessoas, num dado ecossistema se sentem, se conectem e pensem juntos , os resultados são sempre animadores.
Só se consegue mudar algo de relevante se o foco estiver muito afinado nos resultados e nos impactos que pretendemos alcançar. Não se trata portanto de “fazer” , mas sobretudo de que irá acontecer a partir do que fazemos.
A pressa é inimiga dos bons resultados. Estes processos precisam de tempo, para todo um ciclo que terminem em resultados sólidos e robustos. Há que dar tempo e percorrer todas as etapas necessárias, sem nos deixarmos levar pela ansiedade de chegar ao fim rapidamente. O tempo é um grande escultor, como diria Yourcenar.
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