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Writer's pictureRui Marques

Conhecimento e Sabedoria… e toda a escuridão do mundo

Talvez se possa dizer que o nosso tempo tem demasiada informação, para algum conhecimento, mas infelizmente pouca sabedoria.


Gosto de recuperar a associação de “Sabedoria” ao que tem de sabor. Creio que é uma imagem muito expressiva, para quem não se quer deixar numa vida insossa (ou insonsa, como preferirem) e que busca provar cada pedaço do existir e do conhecer, à procura dos sabores que trará, doces ou salgados, amargos ou ácidos. Porque a sabedoria não é só doce, claro. Se alguns têm - ainda - uma visão romântica da sabedoria há que ajustar as expetativas para um realismo que está preparado para encontrar de tudo um pouco.


Creio que é também relevante a distinção entre talento (inato) e sabedoria (que se adquire). Se é verdade que nem todos temos os mesmos talentos ou que alguns de nós não fomos bafejados por este ou aquele talento que gostaríamos, ninguém está, à partida, afastado de chegar à sabedoria. Por isso, encontramos sábios “improváveis”, no meio de uma aparente escassez de conhecimentos.


Recuperemos, para mergulhar mais nesta busca, uma ilustração muito conhecida, mas à qual vale a pena regressar:



Esta imagem gráfica é muito inspiradora na compreensão do longo caminho a percorrer desde a miríade de dados com que somos bombardeados hoje em dia, até à depuração dada pela leitura profunda do sentido que a sabedoria nos proporciona.


Esta antiga busca pela sabedoria, esse desejo salomónico, parece ter perdido valor facial, hoje em dia. Mas nunca é tarde para o recuperar. Deixo as pistas que mais me inspiraram, a partir deste gráfico.

  1. O grande salto que podemos dar a partir de muita informação é a nossa capacidade de a relacionar e a fazer dialogar entre si. Esta é mais uma evidência como é importante o relacional.

  2. Entre tudo o que se conhece há que identificar o que faz verdadeiramente a diferença. Serão poucos os pontos que brilham efetivamente, num panorama geral de conhecimento. Essa ignição precisa de ser captada.

  3. Há que ligar, gerando sentido, o que nos inspira mais, num movimento de aproximação à sabedoria. Isso implica escolhas e retirar coisas que estão a mais. Deixaremos, então, para trás o desejo de uma vida de sucesso para chegar a uma vida significante.

  4. Cuidado, porém, com o que nos propõem pelo caminho de busca de sabedoria. Há sempre quem nos queira fazer ver unicórnios….

Podemos ir por outro lado, com mais um “pequeno grande detalhe” que esta imagem complementa:



Supõe-se ser de Lao Tsé, a frase “Se queres alcançar o conhecimento, soma coisas todos os dias. Se queres chegar à sabedoria, remove coisas todos os dias”. Esse despojamento do que está a mais, do que não é essencial, do que nos causa só peso e deformação representa uma jornada exigente na descoberta do “menos é mais”. Confesso que estou muito , muito longe de o conseguir, mas não deixa de ser uma boa pista para o futuro.


Mas esse caminho longo para a sabedoria não só nos permite chegar ao âmago do essencial, como a ganhar tanto um olhar sobre o absoluto, como a capacidade de relativizar ou de colocar em perspetiva. A propósito, vem à memória este conto, transcrito no livro “O que podemos aprender com os gansos”:


“Havia, certa vez, um rei sábio e bom que já se encontrava no fim da vida. Um dia, pressentindo a chegada da morte, chamou o seu único filho, seu sucessor no trono, tirou do dedo um anel e deu-lho, dizendo: - Meu filho, quando fores rei, leva sempre contigo este anel. Há nele uma inscrição. Quando viveres situações extremas de glória ou de dor, retira-o e lê o que nele está escrito. E o rei morreu, e o seu filho passou a reinar em seu lugar, usando sempre o anel que o pai lhe deixara. Passado algum tempo, surgiram conflitos com um reino vizinho que culminaram numa terrível guerra. À frente do seu exército, o jovem rei partiu para enfrentar o inimigo. No auge da batalha, os companheiros lutavam bravamente; mortos, feridos, tristeza, dor. O rei lembrou -se do anel. Tirou-o do dedo e leu a inscrição: «Também isto passará.» E continuou a lutar. Perdeu umas batalhas, venceu outras, mas no fim saiu vitorioso. Retornou, então, ao seu reino e, coberto de glória, entrou em triunfo na cidade. O povo aclamou-o. Foi tratado como um herói. Nesse momento, ele lembrou-se do seu velho e sábio pai. Tirou o anel e leu: «Também isto passará»."

(…e o contributo do Chat GPT)


A sabedoria é uma qualidade que pode ser desenvolvida ao longo da vida, mas que exige um compromisso constante com o autoconhecimento, a reflexão, a prática e a aprendizagem contínua. Aqui estão algumas sugestões que podem ajudar a desenvolver a sabedoria:

  1. Cultivar a humildade: a sabedoria começa com a humildade. É preciso reconhecer que não se sabe tudo e estar disposto a aprender com os outros e com a própria experiência.

  2. Praticar a reflexão: a reflexão regular sobre as próprias ações, escolhas e experiências ajuda a ganhar perspectiva e a compreender melhor a si mesmo e aos outros.

  3. Buscar diferentes perspectivas: a sabedoria envolve ter uma compreensão mais ampla e profunda das coisas. Por isso, é importante buscar diferentes perspectivas e estar aberto a novas ideias e pontos de vista.

  4. Desenvolver a empatia: a empatia envolve a capacidade de se colocar no lugar do outro e compreender seus sentimentos e perspectivas. Ela é fundamental para desenvolver a sabedoria, pois permite compreender melhor as pessoas e as situações.

  5. Aprender com os erros: a sabedoria também envolve aprender com os próprios erros e fracassos. Em vez de se culpar ou se sentir desanimado, é importante usar essas experiências como oportunidades de aprendizado e crescimento.

  6. Cultivar a gratidão: a gratidão envolve reconhecer e apreciar as coisas boas da vida, mesmo nas dificuldades. Ela ajuda a desenvolver uma perspectiva mais positiva e a compreender melhor o valor das coisas.

  7. Buscar a sabedoria em outras fontes: além da própria experiência, é possível buscar a sabedoria em livros, filmes, conversas com pessoas mais experientes, entre outras fontes.

  8. Praticar a meditação ou mindfulness: a meditação e o mindfulness ajudam a cultivar a atenção plena e a consciência do momento presente. Isso pode ajudar a desenvolver a sabedoria ao permitir uma compreensão mais profunda das coisas e uma maior clareza mental.

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