No ecossistema da conquista espacial o papel do/as astronautas é central, concentrando neles todas as luzes e toda a curiosidade. Claro que não são mais do que uma peça de um imenso puzzle, dependentes de tantos outros profissionais que os treinam, os suportam e lhes proporcionam as condições necessárias para que o seu trabalho resulte.
Por estes dias na NASA, são recorrentes as referências a muitos deles, quer os que foram os pioneiros na chegada à Lua (Neil Armstrong e Edwin Buzz Aldrin), quer os que perderam a vida nos desastres, por exemplo, com o Space Shuttle (com a Challenger, em 1983, e a Columbia, em 2003).
Entre todos, resolvi escolher um dos mais conhecidos, Chris Hadfield, pois abre-nos pistas interessantes de reflexão. De origem canadiana, treinou na NASA e participou em três missões espaciais, sendo a primeira em 1995 e a última em 2012, na qual comandou a expedição 35, na Estação Espacial Internacional.
Proponho-vos três peças de Hadfield que talvez vos possam inspirar.
Com a sua comunicação “O que aprendi ao ficar cego no espaço”, num Ted Talk, com 9,6 milhões de visualizações, leva-nos através das suas histórias a um desafio de superação dos nossos medos, até a um determinado “no fear!”. Vale a pena ver.
Mas uma das curiosidades mais originais associadas a Chris Hadfield é a sua interpretação no espaço, na Estação Espacial Internacional, da música de David Bowie, “Space Oddity”, de 1969, que conta a história fictícia de um astronauta chamado Tom, que se perde no espaço e reflete sobre a sua morte eminente. Chris adaptou a letra, ajustando-a à sua realidade e dando-lhe um desfecho menos trágico, abrindo-a a um horizonte de esperança.
Finalmente, um outro recurso que está ao seu alcance é o um dos seus livros, o “Guia de um Astronauta para viver bem na Terra”. Deixo-vos um excerto sobre o que significa “atitude” no contexto espacial :
“No voo espacial, «atitude» refere-se a orientação: a direção em que o nosso veículo está apontado em relação ao Sol, à Terra e a outras naves. Se perdermos o controlo da nossa atitude, acontecem duas coisas: o veículo começa a tombar e girar, desorientando toda a gente a bordo, e desvia-se do seu curso, o que, com falta de tempo ou de combustível, pode ser a diferença entre a vida e a morte. Na Soyuz, por exemplo, usamos todas as informações de todas as fontes disponíveis - periscópio, vários sensores, o horizonte - para vigiar constantemente a nossa atitude e fazer ajustes, se necessário. Nunca queremos perder atitude, uma vez que a manutenção desta é fundamental para o sucesso. Na minha experiência, acontece algo semelhante na Terra. Em última análise, eu não determino se chego ao meu destino profissional desejado. Há muitas variáveis fora do meu controlo. Existe apenas uma coisa que posso controlar: a minha atitude durante a viagem, que é o que me mantém equilibrado e estável, e a avançar na direção certa. Desta forma, vigio conscientemente e corrijo, se necessário, porque perder atitude seria muito pior do que não atingir o meu objetivo.”
Comments