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Writer's pictureRui Marques

Para começar o ano (letivo) nada melhor que falar de propósito


"Os dias mais importantes da tua vida são o dia em que nasces e o dia em que descobres porquê" - Mark Twain

Não há dúvidas que nas novas abordagens à vida das organizações e ao desenvolvimento pessoal, o verdadeiro gatilho que desencadeia tudo o resto passa pela robustez que cada um/a de nós consegue dar ao Sentido e ao Propósito de vida (qual é o meu "porquê" e "para quê"). Por isso, em cada recomeço vale a pena perguntar: "o que me faz correr?".


Das leituras de férias, trago-vos este pequeno livro que reúne artigos de prestigiada revista norte-americana, Harvard Business Review, a verdadeira "bíblia" de muitos gestores. Esta coleção foca-se no "Objetivo, Significado e Paixão" em contexto de trabalho.





Começo por sublinhar a tese, recorrentemente defendida, que a existência de um propósito é a chave para um desempenho extraordinário e um caminho para o bem-estar pessoal. Nick Craig e Scott Snook dizem mesmo que:


"O propósito é cada vez mais apontado como a chave para navegarmos num mundo complexo, volátil e ambíguo que enfrentamos hoje, em que a estratégia está em constante mudança (...). O processo de expressar o seu propósito e encontrar a coragem para o viver - aquilo a que chamamos do propósito ao impacto - é a tarefa de desenvolvimento mais importante que pode realizar enquanto líder" (pág. 56).

O artigo "Encontrar sentido no trabalho, mesmo quando o que faz é monótono", de Morten Hansen e Dacher Keltner, traz-nos algumas pistas muito interessantes. Começa por definir "sentido no trabalho" como "momentos em que uma pessoa experimenta algo com valor no seu trabalho", sendo que pessoas diferentes procuram diferentes tipos de sentidos e locais de trabalho distintos proporcionam sentidos diferentes.


Em primeiro lugar, enquanto gerador de sentido no trabalho, os autores referem o "Propósito" entendido como a minha capacidade de contribuir para algo positivo através do meu trabalho. Esta motivação, quando existe, produz resultados extraordinários. Por isso, saber olhar verdadeiramente o que faço enquanto serviço e benefício para os que sirvo tem, potencialmente, essa força.


Depois destacada a "Autorrealização", em particular quando estamos em contextos que nos permitem aprender e a expandir horizontes pessoais, bem como a ter a sensação de concretização: o que faço produz resultados.


Numa outra dimensão, já mais longínqua da cultura Ubuntu, alguns encontram sentido no estatuto no poder que alcançam em contexto laboral.


Finalmente, surge a dimensão das "Recompensas sociais" como geradoras de sentido de trabalho, sejam elas o sentimento de pertença a uma dada comunidade, um espaço para agir e a autonomia para o fazer.


Como se dizia, cada pessoa encontrará (ou não) o seu sentido no trabalho, fundado numa destas dimensões. Por nós, preferimos claramente esta dimensão de Propósito associado ao impacto positivo que é gerado pelas nossas atividades.


Num outro artigo desta coletânea, "não descobrimos um objetivo: construímo-lo", John Coleman destaca três possíveis equívocos. O primeiro é o que acontece quando achamos que "o objetivo é apenas algo que descobrimos". Defende que "a maioria das pessoas tem de se focar tanto em tornar o trabalho significativo, como em retirar significado dele. Dito de outra maneira, o objetivo é algo que construímos não é algo que descobrimos".


E acrescenta: "o objetivo deriva principalmente de nos focarmos naquilo que é mais significativo e importante no trabalho e em desempenharmos esse trabalho de tal forma que o significado aumenta e assume importância central".

O segundo equívoco que aponta nesta busca é pensar que "o objetivo é apenas uma coisa". Prefere sublinhar que o plural (objetivos) é mais fecundo enquanto várias fontes de significado que nos ajuda a encontrar valor nas nossas vidas e no nosso trabalho. Finalmente, aponta-se em último potencial equívoco, "o objetivo é algo que se mantém estável ao longo da vida", apontando de uma forma natural para a realidade que os diferentes ciclos de vida nos trazem diferentes objetivos. E isso é bom.


Neste início de ano, vale a pena, em primeiro lugar, colocar os "óculos certos" para perceber esses impactos positivos que causamos e recusar as "cataratas" da nossa mente que - tantas vezes - nos impedem de ver esses resultados do nosso trabalho.


Em paralelo, colocar a intencionalidade em cada momento do nosso trabalho, buscando produzir essa transformação positiva em quem servimos, fará toda a diferença.

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