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Writer's pictureRui Marques

Artigo de Carlos Moedas, sobre a Academia Ubuntu.




“Na semana passada tive o gosto de participar numa sessão da Academia Ubuntu. Esta academia foi criada por Rui Marques, conhecido de muitos portugueses quando, no ano de 1992, embarcou no Lusitânia Expresso rumo a Timor com 141 jovens de 23 países para lutar pela auto determinação do povo timorense. A sua coragem marcou toda uma geração de portugueses. Desde então Rui Marques tem dedicado a sua vida à luta contra as injustiças sociais, tendo sempre como força motriz os jovens.

E foi neste quadro que criou a Academia Ubuntu inspirada nas palavras de Nelson Mandela e na filosofia Ubuntu, que muito simplesmente significa: "Eu sou, porque tu és". Esta frase e esta filosofia são especialmente importantes no momento em que vivemos. Por um lado, as novas tecnologias fecham-nos sobre nós próprios, e por outro lado os políticos populistas reforçam a ideia de que nos devemos fechar aos outros. Há um ano atrás o antigo presidente Obama dizia: "Há uma palavra na África do Sul - Ubuntu - que descreve Mandela na sua essência: o reconhecimento de que todos estamos interligados entre nós, mesmo que tal seja invisível aos nossos olhos; que a humanidade é indivisível; que só alcançamos a nossa própria identidade partilhando-a com os outros, ajudando os que nos rodeiam." No fundo, sem os outros não somos nada. Precisamos dos outros para ser aquilo que somos. Esta é a ideia desta academia que hoje está em vários países e que foi criada em Portugal. Durante a sessão muitas pessoas perguntavam se era mesmo uma ideia portuguesa. É de facto uma criação portuguesa para o mundo que prepara os jovens para o futuro. Esta filosofia desenvolve a autoestima, o autoconhecimento e a resiliência, porque quando estamos abertos aos outros aprendemos a conhecermo-nos melhor. Disse na conferência que esta filosofia deveria ser parte do nosso sistema de ensino, porque só através desta aceitação do outro poderemos combater o populismo, o extremismo e os efeitos negativos vindos das novas tecnologias. Não tenho dúvidas que precisamos de mais Ubuntu nas nossas escolas.”

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