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  • Writer's pictureRui Marques

SOS Saúde Mental – ação urgente, precisa-se!

Por via das nossas missões, contactamos regularmente com muita gente. Estamos em 400 Escolas, temos uma rede colaborativa com várias instituições e fazemos múltiplas ações de capacitação. Temos, por isso, uma perceção afinada de muito do que se passa no terreno. O rasto dos impactos na saúde mental, no pós-covid, é gigantesco e representa um verdadeiro tsunami silencioso. Em especial, nas crianças e jovens, no que diz respeito à ansiedade, burnout, perturbações alimentares, crises de pânico, depressão e suicídio, são múltiplas as situações reportadas.



No site do SNS 24, consideram-se como fatores responsáveis, as medidas de saúde pública para a contenção e controle da pandemia, nomeadamente o distanciamento social, o isolamento, bem como a sensação de medo e incerteza face ao futuro e à evolução da doença, bem como as consequências sócio-económicas da pandemia.


Foi desenvolvido um importante estudo (SM-Covid) e, segundo os seus resultados, verificou-se 37.7% de sofrimento psicológico, 27% de ansiedade moderada ou grave, 26.5% de stress pós-traumático, 26.4% de depressão moderada a grave e 25.2% de burnout.


A nível internacional, a UNICEF alertava, já no final de 2021, que “O impacto é significativo e é apenas a ponta do iceberg. Mesmo antes da pandemia, muitas crianças estavam sobrecarregadas com o peso de problemas de saúde mental não resolvidos. Muito pouco investimento está sendo feito pelos governos para atender a essas necessidades críticas. Não está sendo dada importância suficiente à relação entre a saúde mental e os resultados futuros na vida".


Ainda este documento avançava também propostas de ações que continuam atuais, nomeadamente:

  • Investimento urgente em saúde mental de crianças e adolescentes em todos os setores, não apenas na saúde, para apoiar uma abordagem intersectorial, incluindo toda a sociedade para prevenção, promoção e cuidados.

  • Investir em serviços públicos de qualidade - integração e ampliação de intervenções baseadas em evidências nos setores de saúde, educação e proteção social – incluindo programas parentais que promovem cuidados responsivos e de atenção integral, e garantia de que as escolas apoiem a saúde mental por meio de serviços de qualidade e relacionamentos positivos.

  • Preparar pais, familiares, cuidadores e educadores para abordar o tema da saúde mental como parte da saúde integral.

  • Quebrar do silêncio em torno da saúde mental, fomentar a cultura da escuta sem julgamentos - escuta empática - promovendo uma melhor compreensão da saúde mental e levando a sério as experiências de crianças, adolescentes e jovens.

  • Valorizar a rede de apoio entre pares - promovendo e valorizando esse diálogo entre os próprios adolescentes sobre saúde mental.

Há algum tempo, também a Ordem dos Psicólogos Portugueses, através da sua Vice-Presidente, Sofia Ramalho, trazia-nos uma análise que pode ser bastante útil para esta problemática.




Também este interessante documentário da DW mostra com os jovens lidaram com os desafios do Covid 19.



Apesar destas evidências parece haver uma pesada letargia das nossas instituições na resposta de emergência a este problema muito sério. O País deveria estar em modo “SOS Saúde Mental”, e com todas as luzes vermelhas ligadas. Precisamos de desencadear já respostas muito mais robustas a este tsunami e ter numa ética do cuidado – de si próprio, dos outros e da comunidade – uma linha de inspiração. Cada um/a de nós, onde estiver e com o poder que tem, precisa de dar o seu contributo para que esta resposta se afirme.

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