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  • Writer's pictureRui Marques

A 1000, sempre a 1000

A 1000. Sempre a 1000!

As últimas semanas têm sido assim. Sem parar e com experiências únicas, mas com uma terrível falta de tempo, que me levou a não ter conseguido cumprir o objetivo de vos enviar esta newsletter na data prevista.

Ainda assim, com a vossa complacência, cá estou a cuidar dos laços.


A metáfora da "Cronofagia" de Cambridge

A propósito da vida sempre corrida, maio reservou-me a possibilidade de revisitar Cambridge. Sempre com o seu encanto centenário dos seus vários Colleges (29 ao todo), esta cidade tem uma ambiência muito especial. De tudo o que aí se respira, parei desta vez neste retrato que se me ofereceu numa manhã de domingo: uma mãe que, com o seu filho, observa uma das mais importantes lições para a vida: a voragem do tempo que não para e que não volta atrás. Nesta famosa esquina do Corpus Christi College, o Corpus Clock é também conhecido por Relógio do Gafanhoto. Da autoria de John Taylor, foi apresentado ao público em 2008 por Stephen Hawking. A metáfora é óbvia, mas tantas vezes ignorada. Como curiosidade, o facto de o relógio só estar "certo" de cinco em cinco minutos. No restante tempo reflete, segundo o seu autor, a "irregularidade" da vida.

Atrás da câmara que fez a fotografia, na companhia do meu filho António, aproveitávamos para recuperar tempos perdidos, nunca perdendo a fé de conseguir contrariar - pelo menos um pouco - Taylor.




A compreensão dos sistemas: desafio urgente

Ainda por terras de Sua Majestade, em tempos de preparação para as grandes festas do Jubileu e com o eco menos simpático, na esfera política, das festas na residência oficial do Primeiro-Ministro Boris Jonhson, pude participar num dos mais interessantes congressos dos últimos anos. Numa organização do System Innovation (SI), no seu Hub de Londres, a conferência de 2022 proporcionou inúmeras aprendizagens, num campo do conhecimento cada vez mais vital.

A evolução das ciências da complexidade têm sido vertiginosa, como se pode ver aqui, e tem hoje impacto em todas as áreas da sociedade e o SI têm-nos ensinado imenso, nomeadamente para o nosso trabalho com o Fórum da Governação Integrada.




Um dos conferencistas, citando Donatella Meadows, lembrava que "O mundo é um sistema ecológico-social-psicológico-económico complexo, interconectado e finito. Tratamo-lo como se não fosse: como se fosse divisível, separável, simples e infinito. Os nossos persistentes e intratáveis problemas globais surgem diretamente deste desajustamento".

Aqui está todo um programa, não só de leitura e compreensão das dinâmicas do nosso tempo, mas sobretudo uma linha de ação que, no IPAV, continuaremos a explorar nos próximos anos.



Um dos projetos mais fascinantes que foi aí apresentado é o "Dark Matter Labs". Apresenta-se como uma rede focada nas grandes transições que as nossas sociedades precisam para responder à revolução tecnológica e à crise climática que enfrentamos. Estabelece como seu objetivo descobrir, desenhar e desenvolver a "matéria escura" (dark matter) institucional que suporta um futuro mais democrático e sustentável. Define por "matéria escura", neste contexto, as estruturas invisíveis responsáveis por produzir a maioria dos objetos construídos à nossa volta, e isso inclui desde as políticas à regulação, da finança aos dados, da governação à cultura organizacional e participação democrática.

Para saber mais sobre a origem dos conceitos "dark matter", "dark energy" e afins veja este vídeo.





Regresso à outra Pátria

Numa agradável surpresa, eis que nos chegou o convite para a tomada de posse de José Ramos-Horta, enquanto Presidente de Timor-Leste, no vigésimo aniversário da independência do país. É sempre uma emoção indizível regressar a Timor, voltar à nossa outra pátria, depois de, há 30 anos termos dinamizado a Missão Paz em Timor - Lusitânia Expresso e de, há 20 anos, termos estado na construção do Centro Juvenil Padre António Vieira, em Díli. Reencontramos uma realidade diferente, com sinais positivos e outros nem tanto, como é normal.

Entre tudo o que vivemos nessas curtas 72 horas de visita, recupero o que se passou na cerimónia do hastear da bandeira, por ocasião do 20 de maio, data da restauração da independência. O Presidente Ramos-Horta, quebrando todo o protocolo, convidou as crianças que assistiam à cerimónia fora da cerca do Palácio, para que entrassem, não só para o perímetro da cerimónia, mas que juntassem com os convidados VIP para o cocktail que se seguiu à cerimónia.

Então, de um momento para o outro, a guarda de honra de entrada no salão da Presidência passou a ser composta por duas filas de crianças, com um brilho nos olhos. Registei o momento em que um dos principais convidados, Kailash Satyarthi, percorria essa ala, tal como todos os restantes convidados, e era efusivamente saudado por aquelas crianças que apesar de não saberem que ele era, intuíram sobre o seu trabalho extraordinário de defesa dos direitos humanos.

Num outro momento, o nosso querido amigo António Sampaio, jornalista da LUSA que tem feito um trabalho notável, via-se rodeado por estas crianças, entre gritos de Viva Timor-Leste.

Mais tarde, o Presidente Marcelo, com igual espontaneidade foi dar um mergulho à praia da Areia Branca, divertindo-se com a multidão de crianças que o cercou.

As crianças são sempre o único futuro que nos resta. Cuidar delas é um desígnio essencial.



Cidades Relacionais - Construir melhores cidades, a partir das melhores relações

Este foi também o mês em que lançámos mais um desafio, a partir do nosso Ubuntu Lab, enquanto espaço de experimentação e de inovação social. Em Vila Nova de Gaia, com os nossos parceiros do Relationships Project (Londres) e numa estreita parceria com a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, apresentámos o princípio da história das Cidades Relacionais, da qual - espero - que se ouvirá falar nos próximos anos.

A cidade é uma malha de contactos, interações, regulamentos e comunicações, ou seja: relações. Esta é a base que tece as restantes componentes que acabam por definir qualquer metrópole. A interação e relação entre pessoas, grupos e instituições são os principais agentes portadores de informação dentro da cidade. Estes agentes alimentam-se e regulam-se a si próprios, gerando um sistema através da transmissão de múltiplas unidades de informação.

Este é o ponto de partida para o conceito "cidade relacional".




Nem só de velocidade...

Ainda nem esta newsletter vai a meio e já estará provavelmente cansado com tantas frentes e desafios. Tal como eu, diga-se, me sinto tantas vezes... 😄 Por isso, um dos meus desafios permanentes é descobrir equilíbrios que também passam por tempos de silêncio e de encontro comigo mesmo. Sou, neste caminho já longo de vida, profundamente devedor da espiritualidade inaciana e, por isso, regresso quando posso aos Exercícios Espirituais de Santo Inácio. Vários dias de silêncio, de oração e de busca dos caminhos, sustentados num roteiro com quatrocentos anos de experiência acumulada. Este maio foi também tempo de parar para avançar, de buscar para encontrar e de procurar a forma de em "tudo servir e amar".

Cada um de nós, crente ou não-crente, tem, à sua maneira, segundo o seu credo ou a sua espiritualidade/filosofia de vida, esse desafio de busca de sentido e de propósito, em relação com os outros que não deve ignorar. É preciso dar tempo para esse outro respirar.




Sempre, a Paz. Não nos cansaremos de clamar por ela

A guerra teima em não terminar. O sofrimento continua, em vidas ceifadas e em futuros destruídos. Na Ucrânia, a agressão já vai além dos 100 dias, sem sinais de abrandar. As Escolas Ubuntu não param de se mobilizar de novas formas pela causa de sempre: a Paz. No dia 16 de maio, Dia Mundial Viver Juntos em Paz, por todo o país, acendeu-se a chama da paz com os membros dos Clubes Ubuntu a protagonizarem 12 horas simbólicas de uma luz de esperança exibida no nosso padlet.




Como aprender a não nos deixarmos encurralar...

Quem já passou pela Academia de Liderança Colaborativa sabe que usámos vários filmes, entre os quais excertos do extenso catálogo da Disney. O último filme desta empresa, "Encanto", tem muito (de bom) que se lhe diga. Nas suas várias personagens perpassa tanto do que precisamos de ter presente. Por hoje, escolho Luísa, uma personagem que vive em tantos de nós. A pressão de ser forte, de a todos ajudar, de tudo fazer, de nada nos derrubar... E o preço a pagar por isso?

Em final de ano letivo, com todo o cansaço acumulado, vale a pena ver o "Encanto" e deixamo-nos questionar sobre que armadilhas lançamos a nós próprios e como nos podemos libertar delas.





Aprender a viver na imperfeição

A propósito da Luísa, do "Encanto", vale a pena regressar à verdade de nos sabermos frágeis e imperfeitos. Pode a imperfeição gerar algo de muito especial? As fragilidades e as fraturas podem trazer algo de positivo? Vê-se melhor a luz a partir das trevas? Pode a nossa busca pela perfeição ser uma ambição excessiva, própria dos deuses? Há dois anos, numa Ted Talk em Peniche partilhei o meu olhar sobre tudo isto, que me leva sempre a descobrir a minha infinita imperfeição e a acender pequenas luzes em vez de (só) gritar contra a escuridão.





E para terminar...

Gostamos sempre de regressar a uma fonte de inspiração. Dave, Mike e Fabian juntaram-se um dia para escrever a sua definição de sucesso. Em 2009, começaram a Holstee, uma empresa de t-shirts centrada nos impactos sociais e ambientais. Usam muitas vezes o "nós" e nunca imaginaram que a sua viagem os conduziria a um caminho de aprendizagem e autodescoberta, como descrevem no seu site. Deixo-lhe, a terminar mais uma newsletter, este Manifesto.





Talvez o inspire.


Last minute 😀


Entre 15 e 17 de julho, é tempo de celebrarmos com a Comunidade Ubuntu, em Tomar, para mais uma edição do #UbuntuFest.

Com o apoio fundamental da Câmara Municipal de Tomar, Instituto Politécnico de Tomar e do Agrupamento de Escolas Nuno de Santa Maria, regressaremos aos encontros e reflexões conjuntas, num programa que - prometemos - será muito inspirador.

Podem pré-inscrever-se aqui.



Ainda em julho, será tempo de nos lançarmos missão de capacitarmos mais uma geração de formadores da Academia de Líderes Ubuntu na sua 12ª Edição!

As candidaturas estão abertas para esta nova edição que decorrerá formato presencial, em regime residencial, e é uma oportunidade para jovens e profissionais com interesse em conhecer e replicar a metodologia #Ubuntu.

Podem inscrever-se e divulgar junto dos vossos contactos!





Até 29 de junho!

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