Comensalidade, a arte de comer juntos
- Rui Marques
- 20 hours ago
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As relações atravessam muitos momentos e circunstâncias da nossa vida. Num tempo marcado pela aceleração, isolamento digital e práticas alimentares solitárias ou apressadas, recuperar o valor da comensalidade emerge como uma proposta necessária e profundamente humana para promover estilos de vida saudáveis.

Esta expressão - comensalidade - deriva do latim comensale [com: junto, mensa: mesa], significando o ato de comer junto, partilhar do mesmo momento e local das refeições.
A comensalidade envolve, assim, como se come, com quem se come, o contexto em que se come, bem como a partilha de experiências e sentidos, os códigos rituais da cultura e as normas e convenções de cada sociedade. Esse espaço relacional permite que nos olhemos nos olhos, contemos histórias, regulemos emoções assim como aprendamos a respeitar, partilhar e a escutar. Desta forma, criamos memória afetiva significativa.
Esta reflexão nasceu de um desafio dos AE de Sintra, questionando-nos, a propósito de estilos de vida saudáveis, em particular, de alimentação saudável, como se poderia enquadrar a relacionalidade. A chave era óbvia. Mais do que ensinar só o que comer, é preciso reaprender como comer: em companhia, com presença, com conversa, com rituais que alimentam o corpo e as relações.
As campanhas publicitárias que nos trazem esta aposta são muitas e ricas em inspiração. Por exemplo, em 2017, para celebrar os 150 anos do Canadá, os supermercados Loblaws e a sua marca President's Choice lançaram uma missão: juntar os canadianos à volta da mesa. Desafia a largar os telemóveis, desligar a televisão e sentar-se para partilhar uma refeição. Dizia:“Quando comemos juntos, acontecem coisas boas. Partilhamos um pouco das nossas vidas. Conversamos, rimos e partilhamos os alimentos de que mais gostamos. Aproximamo-nos um pouco mais.”
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