Aprendizagens de um apagão
- Rui Marques
- 2 days ago
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Há quase um mês, no dia 28 de abril de 2025, Portugal enfrentou um dos maiores apagões da sua história recente, afetando não apenas o fornecimento de energia elétrica, mas também as comunicações, os transportes e a vida quotidiana de milhões de pessoas. Este evento revelou fragilidades nas infraestruturas críticas e destacou a importância de sistemas de comunicação resilientes e de redes de apoio comunitário.
Um mês depois, vale a pena olhar esse dia a partir do relacional.

1. O stress da falta de comunicações
Com a interrupção súbita da eletricidade às 11h33, as redes móveis e a internet sofreram falhas significativas. Chamadas telefónicas e serviços de dados tornaram-se intermitentes ou inacessíveis, deixando muitos sem forma de contactar familiares ou obter informações confiáveis. A ausência de comunicações eficazes gerou ansiedade e insegurança, especialmente entre os mais vulneráveis, como os idosos e pessoas com mobilidade reduzida. A falta de informação clara alimentou rumores e teorias da conspiração, exacerbando o pânico entre a população .
Somos uma sociedade hiperconectada e viver sem conexão torna-se (quase) impossível. Encontrar respostas de contingência que possam representar uma alternativa para o essencial ( e não é só de SIRESP que se fala) torna-se urgente.
2. O tempo que de repente surge por não haver energia
Porém, a paragem forçada das atividades quotidianas levou muitos a redescobrir formas de passar o tempo sem dependência da tecnologia. Com os dispositivos eletrónicos inutilizados, as pessoas saíram para as ruas, parques e praças, interagindo com vizinhos e familiares. Crianças brincaram ao ar livre, e adultos aproveitaram para conversar e partilhar experiências, criando momentos de convívio inesperados no meio da crise .
Em tudo há (mesmo) uma oportunidade.
3. O papel da rádio
No meio do colapso das comunicações digitais, o rádio a pilhas ressurgiu como uma ferramenta essencial para a disseminação de informações. As emissoras de rádio adaptaram-se rapidamente, transmitindo atualizações sobre a situação e orientações à população. A procura por rádios portáteis aumentou significativamente, evidenciando a importância deste meio de comunicação em situações de emergência .
Aprendizagem : o analógico ainda nos liga e precisamos de cuidar da rádio que nos liga.
4. As redes de vizinhança foram ativadas?
Embora não tenha havido uma mobilização formal de redes de vizinhança, observou-se uma espontânea solidariedade entre os moradores. Pessoas ajudaram-se mutuamente, partilhando recursos como água, alimentos e informações. Este espírito comunitário demonstrou a importância de laços sociais fortes para enfrentar adversidades. Temos falado muito de reforçar a nossa rede de proteção civil e, creio, que essa é uma dimensão em que há muito a fazer. Quanto falha a infra estrutura geral é o micro, o nosso km2, que nos salva.
O apagão de abril de 2025 serviu como um alerta sobre a vulnerabilidade das infraestruturas modernas e a necessidade de preparar a sociedade para responder eficazmente a crises similares no futuro. Investimentos em sistemas de comunicação resilientes, planos de emergência bem definidos e o fortalecimento das redes comunitárias são essenciais para mitigar os impactos de eventos desta natureza.
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