Sendo o bem mais escasso e não passível de expansão, vale a pena rever como gastamos o tempo. Um trabalho do Our World in Data mostra-nos informação interessante.
Em Dezembro de 2020, Esteban Ortiz-Ospina, apresentava um importante estudo de como ao longo da vida vamos gastando um nosso tempo, tendo como referência os americanos. Começando pela evolução ao longo da idade temos:
Diz-nos o estudo que “com quem passamos o tempo evolui ao longo das nossas vidas. Na adolescência passamos mais tempo com os nossos pais, irmãos e amigos; à medida que entramos na idade adulta, passamos mais tempo com os nossos colegas de trabalho, parceiros e filhos; e nos nossos últimos anos passamos cada vez mais tempo sozinhos. Mas isto não significa necessariamente que estamos sozinhos; pelo contrário, ajuda a revelar a natureza complexa das ligações sociais e o seu impacto no nosso bem-estar.”
Numa outra referência comparam-se os diferentes países, considerando o tempo de trabalho remunerado, o sono, o trabalho voluntário/não remunerado, o tempo de cuidado pessoal, as refeições e o tempo de lazer. Portugal surge na lista.
No que respeita ao tempo dedicado ao trabalho, Portugal surge em 6º lugar depois do Canadá e antes dos Estados Unidos. Se considerarmos os países da U.E. só somos ultrapassados pela Áustria. O que significa que em Portugal se trabalha muito, colocando-se, claro, a questão da (baixa) produtividade (riqueza produzida por hora) comparando com outros que trabalhando menos, são mais produtivos. Questões de gestão empresarial? De organização? De modelo económico?
Num outro registo, destaca-se pela negativa o 4º valor mais baixo na categoria de trabalho não pago, onde se inclui o voluntariado. Já no que dedica ao tempo dedicado ao trabalho doméstico e compras, estamos em 2º lugar, depois do México, e somos acompanhados pelos nossos vizinhos do sul da Europa na liderança da tabela.
Com dados de 2020, no que se refere a tempos dedicados à leitura, Portugal tem valores sofríveis, em comparação com os restantes países.
Finalmente, uma última referência, claramente positiva e esperançosa, tem a ver com o tempo que os pais passam com os filhos. Quase todos os países para os quais o estudo reuniu informação, entre 1965 e 2010 subiu significativamente o tempo dedicado aos filhos, quer para mães, quer para pais, mantendo-se porem sempre uma maior dedicação por parte das mães.
E se depositar uma moeda? Este nosso encontro mensal vai gerando muitas reações dos leitores e vão chegando também sugestões. A partir deste mês, incluirei sempre uma sugestão que me chegue, vinda desse lado. A primeira é de Ana Cristina Carpentier e, inspirada pela temática da 9ª Sinfonia de Beethoven, mostra-nos o poder – metafórico - de dar uma moeda. O que aconteceu quando (nos) damos é sempre extraordinário...
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