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  • Writer's pictureRui Marques

O que trouxe comigo do Quénia?

Estou a terminar estes oito dias de missão em representação do IPAV na Costa do Quénia. Partilho três notas finais do que levo comigo.


Comunidades de líderes Ubuntu a fazerem a diferença

Temos nesta região cerca de 200 líderes Ubuntu quenianos, que vão fazendo a diferença nas suas comunidades. Os sucessivos encontros com muitos deles deixaram-me com a convicção renovada do sentido da Academia ubuntu. Falei-lhes da importância de serem construtores de pontes, mas também semeadores de esperança. Lembrei-lhes também a inspiração de Mandela quando nós dizia que somos “braços da mesma árvore” para os incentivar a continuarem a ser um exemplo de diálogo interreligioso.


Entre os Ubuntu encontrei, nas suas intervenções, projetos relacionados com o combate às alterações climáticas, combate à radicalização de jovens, bem como de promoção do emprego, prevenção da gravidez precoce e combate ao uso de drogas, para além do seu compromisso com o desenvolvimento de competências de empreendedorismo. Parto com a convicção de que em breve ultrapassaremos aqui os mil líderes Ubuntu a serem a diferença que querem ver no mundo.


O impacto das alterações climáticas


Num tinha estado num contexto territorial e social em tantas vezes fosse referia a questão dos impactos das alterações climáticas. Dos políticos aos académicos, dos que vendiam cocos na praia aos que se mobilizam por recuperar os mangais. Uma das conversas mais impressionantes foi exatamente enquanto andar um pouco na praia em Mombasa e um senhor que vendia cocos me abordou. Depois de lhe comprar um, perguntei-lhe pela sua história.


Tinha sido agricultor no interior desta região, a cerca de 200 kms, e, nos últimos anos, com a seca persistente foi obrigado a abandonar as suas terras, depois de ver morrer os seus animais… dois num dia, quatro noutro, e assim por diante.


Finalmente não lhe restou outra solução do que com a sua família, se mudasse para Mombasa, tornando-se em mais uma vítima do que está a acontecer. Mais tarde, quando visitei o condado de Taita Taveta, o governador dizia-nós que nos seus 59 anos de vida nunca tinha visto nada assim. Não espanta pois que do que mais se fale por aqui seja disto.


De uma herança de conquista e derrota a um futuro de cooperação


É impossível ignorar a herança histórica que esta Costa representa para Portugal. Nos Lusíadas, Camões dá destaque a Mombasa e a Melinde, colocando nesses passos , grandes ameaças e grandes sucessos da expedição de Vasco da Gama.


Quando visitei a Fortaleza de Jesus, o mais significativo monumento da presença portuguesa neste país, acompanhado pelo seu diretor, não pude deixar de sentir o que representava aquele legado. Mas mais do que isso o que exatamente aquela visita luso-queniana representava: estamos num trajecto de cooperação centrados na construção de uma estratégia para os próximos dez anos em torno do Turismo e Património Cultural.


São, pois , outros os desígnios que nos unem aos quenianos e que nos motivam neste caminho partilhado. Muitos e bons desafios se alinham para o futuro…


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