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  • Writer's pictureRui Marques

Cuidar dos laços #4

Volto aos nossos laços, desta vez em tons sofridos de azul e amarelo e com o horizonte carregado. A guerra é um tema incontornável para esta nossa conversa, mas procurarei também trazer esperança mesmo que "contra toda a esperança".


O Inesperado que nos surpreende regularmente

Vamos já com mais de um mês na guerra da Europa. Até ao primeiro dia da invasão ninguém acreditava que esta fosse possível, na escala e com o impacto que estamos a observar. O impensável aconteceu, relembrando os ensinamentos do Cisne Negro de Nassim N. Taleb. Por isso, creio que vale a pena (re)ler este livro de 2007 que nos ajuda a perceber a imprevisibilidade e como o futuro nos irá surpreender sempre. Soma-se a esta dimensão da imprevisibilidade o facto de causar um grande impacto e depois da sua ocorrência, ser fácil de explicar, com um "previsibilidade retrospetiva" que, evidentemente, não foi antecipada. Taleb aplica este conceito ao ataque de 11 de setembro de 2001 à Torres Gémeas, mas - infelizmente - os exemplos sucedem-se. E voltou a repetir-se um "Cisne Negro"...


Juntos pela paz, cantando

Neste tempos de perturbação buscamos consolo em tudo o que nos traz esperança. A música tem esse condão. A propósito da guerra recupero o trabalho de Karl Jenkins, "The Armed Man: a Mass for Peace" (que pode ver aqui na versão integral, a propósito do conflito no Kosovo é uma das peças musicais mais poderosa de apelo à paz, tendo sido interpretada mais de 900 vezes, em 30 países. Em 2011, foi interpretado pelo projeto Global Sing Peace, no memorial do 11 de setembro, num coro constituído espontaneamente por aqueles que querem dar a sua voz à paz. Numa das suas melodias mais bonitas - Agnus Dei - as vozes de tantos que a interpretam representam a esperança que queremos fazer presente para pedir a paz para a Ucrânia e o fim deste conflito.


Imagens que marcam

Os conflitos trazem-nos sempre, através do olhar atento e sensível dos fotógrafos de guerra, momentos que excedem qualquer discurso. Escolhi, a partir de tantas imagens que nos têm marcado nas últimas semanas, este registo das Reuters, em que Volodomyr, de 61 anos e o seu filhos, Yaroslav, se despedem da sua família na estação de Lviv, na Ucrânia. As lágrimas da separação, dos que ficam para combater e dos que partem para colocar em segurança as crianças, atingem-nos violentamente. A guerra, expressão suprema do mal, promove tanto sofrimento que a aspiração pela paz não pode abandonar-nos um só momento. Que o futuro permita o sorriso do reencontro desta - e de tantas outras - família(s).





O dia do novo amanhã

Muito se tem escrito, claro, a propósito da guerra. Porém a sabedoria nem sempre abunda. Neste notável artigo de Adriano Moreira, no Diário de Notícias, todas as palavras são sábias e inspiradoras. Escolho a sua nota de esperança, porque haverá sempre um amanhã: "Se não tiverem a humildade da revisão, os que restam por esse mundo fora, da geração que foi morrendo traída, só podem entoar o cântico do desespero. Sem vantagem em olhar para trás, sem frente para onde possam olhar. A sós. O verdadeiro inferno. E, todavia, é mais fácil o caminho da coragem. Olhar o mundo em processo de mudança. Lutar para reinventar. Porque há sempre um amanhã. E amanhã sempre tudo estará melhor"

As Escolas Ubuntu pedem paz na Ucrânia

A solidariedade, por estes dias, tem transbordado em todos os gestos da sociedade portuguesa. Os líderes Ubuntu, sejam formadores, sejam os jovens estudantes, um pouco por todo o país, mobilizaram-se para um gesto simbólico de grande significado, pedindo a paz para o martirizado povo ucraniano, desenhando a palavras "paz" com os seus corpos e fazendo um minuto de silêncio. Revisitar o arquivo destas ações no mural "Ubuntu pela paz na Ucrânia" é comovente.



Comunidade "Ubuntu United Nations" apela à paz

Também em rede internacional Ubuntu se mobilizou por esta causa. No dia 27 de fevereiro reuniram-se cerca de 300 Ubuntus espalhados um pouco por todo o mundo e escutaram-se testemunhos sobre a importância do fim da invasão e da guerra, que chegaram desde a Ucrânia, Moldávia, África do Sul, Brasil, Timor-Leste e Portugal. Um dos momentos mais tocantes foi o testemunho de duas jovens, uma russa e uma ucraniana, que nos trouxeram uma mensagem de paz e de recusa da guerra.

Outras guerras


Em novembro de 2015, enquanto coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados visitei o Líbano, mesmo junto à fronteira com a Síria onde decorria uma (outra) guerra feroz. Escrevia então: "A imagem mais marcante deste dia guardo-a da Escola de Kafar Zahad, mesmo colada à Síria. Nestes dias em que a Europa se inflama no aprofundamento do "Choque de Civilizações", depois dos atentados de Paris onde se está a confundir tanta coisa e que por aqui também se choram os mortos do atentado de Beirute, encontro o "impossível". Uma escola, com 130 crianças refugiadas sírias, todas elas muçulmanas, num projeto de uma ONG católica (JRS), a funcionar no rés-do-chão de uma mesquita. Por aqui respira-se o que o mundo tanto precisa: diálogo e encontro de pessoas enquanto tais, para lá dos rótulos religiosos ou étnicos. A diretora (muçulmana) explica-nos os desafios de cuidar destas crianças, a par com o diretor de projetos desta região (ortodoxo). Até parece fácil. E, na verdade, se quisermos, pode ser. A capacidade de criar pontes num momento em que muitos parecem apostados em as destruir é uma missão vital. Vir à fronteira da Síria para encontrar estes pontífices foi um momento único. Se mesmo no sítio onde é mais difícil, é possível que esperamos nós por seguir esse caminho? Só dessa forma o mundo reencontrará paz".


Unamo-nos! Recuperando Charlie Chaplin

O discurso final de "O Grande Ditador", magnificamente interpretado por Chaplin, no seu primeiro filme com diálogos é sempre uma peça de inspiração. Chaplin demorou meses a escrever e a reescrever este texto que, infelizmente, se mantém atual. Num filme que interpreta simultaneamente um judeu que vive no gueto e Hynkel, o ditador de Tomainia deixa-nos, neste excerto final, um apelo poderoso à paz. Que nos inspire.



Quando nos virmos como irmãos...

Conta-se que em dezembro de 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, se deu um fenómeno raro. No Natal, perto da cidade de Yprés, na Bélgica, as tropas inimigas estavam frente a frente numa terrível guerra de trincheiras. O inverno era duro. Como estava há muito tempo a poucas dezenas de metros de distância, podem ver-se e ouvir-se mutuamente. E então aconteceu algo de extraordinário...


Para além do que esta reconstituição possa ter de maior ou menos rigor (pode ver aqui um documentário que aprofunda em termos de conhecimento histórico este episódio) a certeza que se nos víssemos verdadeiramente como irmãos, seria impossível a guerra. Por isso, o primeiro e continuado esforço que fazem os senhores da guerra é separar-nos e fazer crescer o ódio e a desumanização do "outro". Conta-se também que a partir desta realidade nunca mais deixaram ficar os soldados frente a frente, para que não conhecesse o "outro", agora amigo com quem se joga futebol.



E para lá da guerra…

A Liderança colaborativa no IEFP: um exemplo inspirador

Ao longo dos últimos dois anos, tivemos a experiência única de desenvolver duas Academias de Liderança Colaborativa com colaboradores do IEFP, formando um grupo de 52 formadores internos para disseminarem a cultura colaborativa dentro da instituição e ao seu redor. Estamos muito gratos por tudo o que vivemos. Agora que essa fase chegou ao fim, tivemos um momento de apresentação de resultados numa sessão hibrida (presencial e online), que contou com a presença do Presidente do IEFP, Valadas da Silva, com a Diretora de Recursos Humanos, Ana Antunes e de Cristina Portela, Diretora de Serviços de Desenvolvimento de Competências. Ouvir os testemunhos dos participantes é algo muito especial, que nos enche de alegria e de sentido de missão cumprida.



O que podemos aprender da filosofia Ubuntu? O contributo de James Ogude

Conehci o Prof. Ogude em janeiro de 2020, aquando da última visita à Àfrica do Sul, no âmbito da Academia de Líderes Ubuntu. É autor/coordenador de uma das mais relevantes obras sobre a filosofia Ubuntu (sendo de destacar "Ubuntu and Personhood" e "Ubuntu and Everyday") A sua serenidade e sabedoria impressionaram-se desde esse primeiro momento. A visão que partilha neste documentário da BBC corresponde ao que temos procurador desenvolver com todo o nosso projeto. Vale a pena ouvi-lo atentamente.


Os riscos da "meritocracia"

Ouvimos muitas vezes, em variados domínios, o discurso do elogio da "meritocracia". Isso também acontece na educação. O que à partida parece uma boa ideia (valorizar a conjugação das capacidades com o esforço para alcançar sucesso) tem, quando analisado atentamente, uma enorme armadilha porque ignora o ponto de partida e não considera as enormes desigualdades de oportunidades que condicionam a performance de cada um/a. Este vídeo, apesar de estar contextualizado para os Estados Unidos da América, deve fazer-nos pensar.


E para a nossa agenda...

Ubuntu e o Ensino Superior

Nos últimos anos, o Método Ubuntu tem vindo a ser aplicado no universo do Ensino Superior em experiências muito animadoras, através da capacitação de jovens em Formações de Formadores e em Semanas Ubuntu e ainda através de reflexões mais alargadas sobre o contributo do Método Ubuntu para o futuro da Educação. A partir deste caminho traçado, no dia 11 de Abril no ISEC - Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (Instituto Politécnico de Coimbra - IPC), todo o universo nacional de Instituições de Ensino Superior está convidado para o Seminário "Ubuntu no Ensino Superior".


O evento servirá para uma reflexão sobre os impactos do projeto junto das Instituições do Ensino Superior e para o lançamento da Rede Nacional Ubuntu no Ensino Superior.




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