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  • Writer's pictureRui Marques

O mundo e os puzzles que vamos tendo de construir


Para regressar à dupla vocação de “Portugal para nascer e o Mundo para morrer”, este mês trouxe-me de novo à Colômbia para lançar o primeiro piloto de Escolas Ubuntu, depois de termos tido mais uma fantástica edição do Ubuntu Fest em Gaia. Aproveito para deixar também algumas peças para nos mantermos atentos aos puzzles que vamos tendo de construir...



Ubuntu Fest de Gaia

As Ubuntu Fest começam a ser já uma tradição. Tempo de pensar e de agir, de olhar o passado e abrir portas ao futuro. Este ano, em Gaia, o tema da saúde mental e do bem-estar esteve no centro das atenções.



Um dos grandes desafios do nosso tempo é construir comunidades e desenvolver forte sentido de pertença(s). Com a crescente comunidade Ubuntu procuramos ligar, interagir e retroalimentar para que se reforce a nossa identidade e o sentido de missão neste mundo desafiante. Para isso, contribuem também as nossas Ubuntu Fest.



Cidades Relacionais, um novo caminho IPAV


Na vida do IPAV, os desafios vão surgindo naturalmente, num caminho sempre cheio de boas surpresas. Depois do amadurecimento dos nossos projetos Ubuntu e de crescimento do Forum GovInt, chega agora a hora de falar do Relacional.


No final do dia, o que conta é a qualidade das relações. Como nos aponta a sociologia relacional, a sociedade é tão só “relações”. Nestas nascem todos os problemas, porém, é também através delas que se criam as únicas soluções sustentáveis. Gaia, que desde sempre tem sido um território de excelência no acolhimento da nossa intervenção, desafia-nos a pensar o que é uma cidade relacional. Mais do que pensar e gerir um território a partir dos seus “stocks”, há que perceber os seus fluxos. Enquanto sistema de sistemas, um núcleo urbano é tecido pelas relações dos que nele habitam, dos que aí trabalham ou dos que o visitam. É também expressão das relações dos cidadãos com as instituições ou com o espaço público. Ou, ainda, das instituições entre si.


A Colômbia como terreno fértil


Desde 2017, já visitei a Colômbia cinco vezes. Foi aí que fizemos as primeiras Academias de Líderes Ubuntu na América Latina e que aprendemos como é tão difícil construir a paz e, mesmo assim, nunca se deve perder a esperança...desta vez foi tempo de lançar mais sementes para o futuro, com o apoio da OEI Portugal.



A convite da Virtual Educa, um evento de grande relevância no domínio da transformação da educação a partir da ciência, da tecnologia e da inovação, tive a oportunidade de voltar a Medellin. Em si mesmo o evento é um fantástico mundo de interações e de contributos sobre os desafios da educação para o futuro. Com cerca de 200 oradores, espalhados por várias salas em sessões simultâneas, pudemos ouvir e aprender, mas também explicar e mostrar a metodologia Ubuntu. Fico sempre surpreendido com o acolhimento e a adesão que essas apresentações desencadeiam. Em dois momentos diferentes, num modelo simultaneamente presencial e on-line, pude sublinhar a correlação do Ubuntu com o desenvolvimento das competências socio-emocionais, ou com a capacidade de construir pontes.




Regresso, pois, com a convicção reforçada do tanto que vale a pena partilhar esta metodologia Ubuntu para gerar uma nova ética do cuidado, uma construção de pontes e uma liderança servidora particularmente envolvendo aqueles que a vida colocou do lado errado do caminho.



A inovação na pedagogia, um olhar em 2022


A inovação em educação é um desafio sempre inacabado. Novas dinâmicas sociais e tecnológicas colocam-nos perante novas encruzilhadas. Por isso, é bom ir acompanhando o que se estuda, escreve e discute neste domínio. (ler mais)


O Institute of Educational Technology da Open University, em Londres, com a colaboração da Universidade Aberta da Catalunha, propõe-se neste relatórioexplorar novas formas de ensino, aprendizagem e avaliação para um mundo interativo, para orientar professores e decisores públicos. (...) com um conjunto de inovações que já estão em circulação, mas ainda não tiveram uma influência profunda na educação.” Uma longa lista de inovações propostas foi reduzida a dez que, segundo os autores, têm elevado potencial para provocar grandes mudanças nas práticas educativas.



A maravilha das Quatro Estações que Vivaldi não imaginou


Se Vivaldi ouvisse isto não sei o que sentiria. Mas nós só podemos vibrar com estas Quatro Estações.



Gosto sempre de vos trazer música. Ela dá-nos o sorriso que tantas vezes nos falta ou proporciona o sossego que ambicionamos, ou traz a inspiração que nos anima.

Encontrei esta interpretação divertida e vibrante das Quatro Estações, de Vivaldi, pelo grupo da Escola Goede Hoop Marimba Band. Pouca ortodoxa, mas cheia de graça, esta interpretação das Quatro Estações, traz-me à memória uma aspiração que persigo – ainda que seja difícil: ser, plenamente, em todas as Estações da vida.



Nem sempre o que parece que é, é; ou o que parece impossível, pode não sê-lo...


Se é verdade que os nossos sentidos e a nossa capacidade de apreender a realidade constituem recursos valiosíssimos também é verdade que, às vezes, não chegam para a compreender – pelo menos à primeira vista.


Comece por aqui:


O primeiro olhar pode enganar. Como poderá passar por ali?

Nunca, diremos nós!






Prémio António Brandão Vasconcelos – Quando se juntam dois bens.


A primeira edição deste Prémio instituído pelo IPAV, com o apoio da NTT Data e da Forum Estudante, homenageou um Homem bom e premiou uma mulher extraordinária. Nada como ver o bem ao quadrado!



António Brandão de Vasconcelos foi um notável gestor e empreendedor, com uma capacidade de inovação e de liderança que deixou frutos, nomeadamente na empresa que criou (Everis, hoje NTT Data). Mas sempre me impressionou muito uma das suas muitas caraterísticas positivas: a discrição. Somava-a a tudo o que fazia com excelência, dando um brilho especial a tudo o que fazia. Conheci-o a propósito da Academia de Líderes Ubuntu que apoiou desde o seu início.




A primeira vencedora, numa escolha fácil e óbvia, foi Fatu Banora, uma Ubuntu de mão cheia, que tem dado um fortíssimo contributo ao desenvolvimento das Escolas Ubuntu, para além do seu compromisso cívico em várias associações e projetos. A Fatu escolheu Psicologia no ISPA (que também se juntou a este Prémio com a atribuição de uma bolsa, que reduz o custo das propinas) e começou a fazer o seu caminho. Continua a ter de trabalhar por que a vida não lhe permite outra coisa. Mas sabemos que dará o seu melhor para concretizar este sonho que começou a ganhar corpo. E todos nós – os seus amigos, o IPAV, a família do António, a equipa da NTT Data – a torcer por ela, surgirão dias bonitos neste caminho.




A Tirania do Mérito


É quase consensual um discurso sobre a bondade da meritocracia. Todos os anos chovem os diferentes tipos de rankings, como por exemplo o das Escolas, que as ordenam a partir das notas dos seus alunos. Mas que queremos dizer com "mérito”? E será mesmo “mérito”?



Chamou-me a atenção o último livro de Michael Sandel, “A tirania do mérito”. E nada como pegar nele para perceber o quão importante é a sua leitura. O autor parte do senso comum instalado na sociedade norte-americana – que podemos transladar para a nossa - em que o sucesso de cada um/a depende do seu esforço e do seu trabalho, pelo que “quem quer, alcança os seus objetivos”. Mas será assim mesmo? Será que aqueles que não têm sucesso se deve exclusivamente ao serem uns “falhados”, “preguiçosos” ou “pouco inteligentes”?

Sandel faz uma análise muito certeira de como esse discurso provocou uma enorme revolta silenciosa nos que, nos EUA, são pobres e não tiveram sucesso e de como deteriorou a perceção do bem comum. O ressentimento contra uma sociedade que os “culpa” pelo fracasso vem ao de cima. Com repercussões políticas significativas – como o apoio a discursos populistas e radicalizados do universo Trump – surge um alerta para que esse discurso e atitude social não só são injustos, como provocam disrupções sociais graves e está alinhado com o aumento das desigualdades.





A dose mensal de Esperançar : 10.000 árvores

Num ano em que Esperançar em tempos sombrios é o tema que nos inspira, importa recuperar histórias que nos ajudam a perceber como vale a pena ir por aí.


Sem generalizar, nem ser arauto de falsos moralismos, acho que vale a pena pensar em que medida esta nossa cultura do instantâneo nos empobrece e nos diminui, enquanto humanidade.

Vem, por isso, a propósito, este exemplo:




Agenda

VIIª Conferência Internacional sobre Colaboração e Governação Integrada


No dia 12 de dezembro, a Fundação Calouste Gulbenkian vai ser palco da VIIª Conferência Internacional sobre Colaboração e Governação Integrada dedicada ao tema "Melhores Relações, para Melhor Serviço Público".


A abordagem à compreensão dos problemas sociais complexos, e a busca da melhor forma de agir perante eles, levou à compreensão clara das dinâmicas sistémicas, que nos apontam para a relevância das relações. Nelas e só através delas conseguiremos ir mais longe na construção de modelos organizativos de intervenção mais eficazes para lidar com a complexidade.


Reserve já esta data na sua agenda!


Inscrições aqui.



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